terça-feira, 27 de agosto de 2013

Quero Ser Escritor - 5


Tempo
Duas questões relativas ao tempo:
1 – Quando a ação se passa? Presente, Passado ou Futuro
2 – Durante quanto tempo ela se desenrola? Uns minutos, 2 séculos...
Já temos a IDEIA, sabemos o(s) LOCAL/LOCAIS onde acontece, temos o(s) PERSONAGEM(S) e que AÇÕES incluiremos nesta nossa história, assim como a ESTRUTURA que vamos utilizar e é aqui que entra a resposta à...


Primeira questão sobre o tempo.
Podemos inserir a história em variantes temporais infinitas na verdade. Por exemplo: começamos com um “flash back”, voltamos a ação para o tempo presente, voltamos ao passado de novo e assim por diante até fechar nossa história.
De qualquer forma que escolher contá-la, no entanto, esteja ciente de que tempo verbal e pessoa está usando para não confundir o leitor. Para quem não tem muita experiência sugiro que comece por um passado não muito distante e faça em primeira pessoa, em ordem cronológica, sem dúvida é mais fácil, assim temos um único ponto de vista e uma única linha temporal.
Fantasiando o Passado
Por mais fantasiosa que seja sua mente se optar ou por uma história num passado distante ou imaginário, pesquise sobre este passado real ou a simbologia do seu passado imaginário.
Por exemplo: na época medieval as pessoas produziam seu sabão e lavavam suas roupas em tanques especiais, escovavam os dentes com palitos e usavam temperos diferentes dos atuais, carne era um luxo, a base da alimentação eram as verduras e legumes. Os grãos eram para as cidades, poucas, e para os exércitos. As flechas eram artigos especiais usados para derrubar o inimigo muito mais do que feri-lo, os arqueiros derrubavam os inimigos e os soldados acabavam com a raça deles e não eram deixadas para trás, eram recolhidas. As famosas cotas de malhas, eram isso mesmo: várias camadas (cotas) de tecido de algodão sobrepostas que diminuíam o impacto das flechas, por cima da qual usava-se uma malha de metal.
A pesquisa acrescenta muito mais do que limita. Temos mais elementos para introduzir na nossa fantasia.
Pensando bem não há um elemento em Harry Potter, O Senhor dos Anéis, Game of Thrones etc. que já não tenha sido usado e reusado antes. O que faz estas histórias interessantes é o modo como estes conhecidos elementos estão misturados.
Mesmo que sua história se passe só a cinco ou dez anos atrás vá atrás de informações que a torne crível. Se faça acreditar.
Inventando o Futuro
Muitos escritores são perfeccionistas, gostam de detalhes, explicam o desnecessário. Quer falar sobre o futuro? Como você o imagina? Orwell, Roddenberry - peço a permissão para incluí-lo aqui, já que não é um escritor -, Wells, Huxley etc imaginaram cada um a sua maneira, todos eles com um quê político bem definido. Orwell e o autoritarismo, Roddenberry e a guerra fria etc.
Não dá para falar do futuro com propriedade sem sugerir alguma ideologia; ufanista ou destruidora. Seja o que escolher não se prenda aos detalhes lógicos e coerentes, não explique o que a ciência não explica ainda. Se seu personagem usar uma arma desintegradora - arma desintegradora é tudo o que o leitor precisa/gostará de saber, ele também tem imaginação. Se quiser acrescentar algum detalhe pesquise em artigos científicos só para ter uma ideia básica.
Relatando o Presente
Muitas editoras (próximos posts) pedem que o escritor fale do que conhece. Vivemos no Brasil: falamos do Brasil. Afinal somos brasileiros, mal ou bem é a cultura e os valores com os quais fomos criados, portanto temos propriedade para falar sobre isso.
Uma história passada no presente é um relato do que acontece na mente do escritor naquele momento em que está escrevendo e, portanto, tem-se que prestar atenção aos detalhes. Este é o lugar dos perfeccionistas de plantão.
Aqui nos ligamos à...
Segunda questão sobre o tempo:
Cronologia – dependendo da quantidade de locais, personagens, histórias paralelas e ações vamos precisar nos organizar. Independente do tempo cronológico.
Ulisses de James Joyce se passa num único dia tem dois protagonistas principais e 265.000 palavras!!!
Observe o texto:
“ - Marta saiu às nove horas para ir à padaria e até agora não voltou. Algo aconteceu com essa menina, duas horas é muito tempo para comprar meia dúzia de pães!
Marta passa pela porta atropelando o cachorro que dormia no tapete:
 – Desculpe mãe, a vizinha me chamou para um papinho.
- Sente-se que já vou servir o almoço. Esta tarde nada de brincar com suas bonecas! Está de castigo.”
Este exemplo é bem escrachado - Se a menina é pequena (brinca com bonecas), a mãe esperou duas horas para sentir falta? Ela foi comprar pão e já é hora do almoço? São onze horas! Etc.
Calcule tempo de resposta para que os acontecimentos não pareçam deslocados da história. Se alguém está atrasado, deixe claro o por quê ou o como, não precisa ser naquele momento, só não esqueça de explicar. Se alguém está pensando ou deprimido, pause a história com algumas cores dramáticas e então continue. Respire com seu personagem.
Para alguns trabalhos mais complicados é necessário fazer um plano temporal para que não se perca, incluindo capítulo, personagem, ação e consequência no futuro se houver.
Estou mordendo minha língua (ou meus dedos, já que estou digitando), escrevi quatro anos de história e resolvi, a partir da terceira parte, contar como o protagonista foi perseguido sem saber que o era. Parei no primeiro capítulo desta parte e passei dois dias montando a cronologia das duas primeiras partes antes de continuar.
Bom dia, bom estudo, bom trabalho
Próximo post – Revisão, Copidesque e Leitura Crítica.

Leia a lição anterior aqui!

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