Saudações a todos vocês querido nerds e Geekers! Indo direto ao assunto, alguns de vocês devem se lembrar dos contos que estavam sendo contados pelos bardos aqui na Taverna e que estes mesmos contos entraram num hiato a algum tempinho. Pois bem, visando sanar essa dívida para com meu caros leitores, Voltamos a publicar um dos contos que o Taverneiro mais gosta, Nove Dragões - A Lenda de Nogard, do escritor independente Marcos Febrini meu grande parceiro! Um Abraço Febrini!!!
Pois bem, visando sanar essa situação, acompanhem agora o próximo capítulo dessa saga incrível!
Capítulo
7 – Ponto de Encontro
A brisa na Colina
de Mélis era fria e constante, Merlon contemplava as muralhas de Pescoço dos
homens a distância, na escuridão seu enorme paredão não passava de uma mancha
cinzenta no horizonte. O Rio de Ferro corria selvagem ao lado da colina, e em
seu cume, aos pés do Grande Castanheiro, um velho fumava seu cachimbo.
- Sabe Decadência,
acho que posso conviver com esse fraco fumo dos homens, pouco restou do bom
fumo das montanhas – deu uma longa baforada, e soltou uma coluna fina de fumaça
que se espalhou pelos galhos do Castanheiro, subindo, dançando entre as folhas
– é uma pena que os dias andem tão escuros, Andor ja foi bela, tão bela quanto
o dia.
Então Merlon sentiu
uma presença, se aproximava com andar incerto, tocou o galho que estava ao seu
lado, e estava pronto para agir quando se deu conta de que era Nogard, o garoto
estava ali, ao seu lado, esfregando os olhos e com o cabelo completamente
desgrenhado.
- Não consigo
dormir. – disse Nogard sentando-se ao lado do velho.
- Ora então fique
aqui, será uma agradavel companhia, quer ouvir uma história? – perguntou Merlon
apoiando seu cachimbo no joelho, enquanto separava mais alguns tufos de fumo.
Nogard ainda estava
meio sonolento, recostou-se no tronco da grande árvore.
- Merlon posso te
fazer uma pergunta? – o velho acentiu, estranhando a falta de interesse de
Nogard por uma história – Qual meu sobrenome?
Merlon acendeu seu
cachimbo novamente, deu outra baforada, e passou a mão pela longa barba branca.
- O mesmo sobrenome
de seu pai, as pessoas dão muito valor para os segundos nomes Nogard, mas isso
não é importante, deixe-me lhe contar uma pequena história. Houve um tempo,
muitos anos atrás, tantos quanto se pode contar, em que os homens precisavam de
apenas um nome, não havia sobrenome ou segundo nome, todos eram grandes irmãos,
partilhavam da bondade e da bravura, o sobrenome deles era a natureza, os
campos, as árvores e os animais. – Merlon apontou em direção às escuras
muralhas de Pescoço dos Homens – O que aqueles homens prezam é um sobrenome
Nogard, pois eles acreditam que a bravura ou as riquezas permanecem em uma
simples palavra, mas eu lhe digo, aqui nas sombras do grande altar da antiga
Rainha, Mélis, eles são tolos.
Nogard olhou para a
cidade ao longe, mas meu pai era forte e
corajoso, eu devo ser como ele, pensou o garoto. Nogard olhou para as mãos
vázias.
- Mas sem um
sobrenome não se tem nada, não herdarei nem mesmo Pátio dos Arqueiros.
Merlon pôs a mão no
ombro do garoto.
- Escute Nogard, um
nome é apenas uma palavra, e as palavras não significam mais do que essa brisa
que nos toca, os atos dizem mais que as palavras, não importa seu sobrenome,
você não precisa de um, apontando aquilo que você foi ou de onde vem, o que
importa mesmo, é você nunca se esquecer quem você é, aquilo que você deseja
ser, e escolher as sábias e justas atitudes para conquistar o que deseja.
Conheci muitos homens nobres Nogard, Lordes, grandes Senhores e até um Rei,
homens cujas vidas eu salvei muitas vezes, e também conheci homens muito
pobres, os quais salvaram minha vida muitas vezes, um nome não salva vidas
Nogard, não em Pescoço dos Homens, não em Andor.
- Então qualquer um
pode ser Rei, até eu?
Merlon não conteve o
riso. Bagunçou os cabelos de Nogard mais do que ja estavam.
- Não vamos exagerar
está bem. Nem todo Rei é honrado Nogard, e nem todo ferreiro é forte como um
touro, lembre-se, são apenas nomes, apenas palavras.
E os dois sorriram.
Merlon foi até a
pequena mesa, encheu uma caneca com leite e levou para Nogard na árvore, quando
o velho se sentou o garoto agradeceu e bebeu metade da caneca de um gole só.
Repentinamente
Nogard levantou-se e começou a olhar para todos os lados, como se procurasse
alguma coisa, estava assustado e derrubou o resto do leite no chão.
- O que foi? –
Merlon perguntou apreensivo.
- Não sei, alguma
coisa esta perto, mas não sei o que é.
Então Merlon sentiu,
em seu espírito, uma presença maligna, uma presença que se movia pela noite
como as sombras, estavam se aproximando e Merlon sabia o que eram.
- Rápido garoto, na
carroça sob o banco – disse o velho enquanto levantava. Nogard pegou o longo
embrulho e entregou a Merlon, era pesado demais e estava envolvido em uma
grossa manta de couro – Acorde Arwen. – ordenou Merlon.
- Não será preciso
ela já esta aqui. – disse Nogard apontando para a garota sonolenta se
aproximando.
- Mas que barulheira
é essa – disse Arwen -, dessa forma não consigo dormir.
Eles estavam perto
agora, faziam uma algazara de blasfêmias e grunhidos, eram tão barulhentos que
até um surdo poderia ouvi-los, Merlon pensou em esconder as crianças na carroça
mas não havia mais tempo, eles ja estavam ali, um por um foram emergindo da
encosta da colina, a fogueira começou a iluminar aquilo que Andor mais temia,
os Bulks.
- Venham aqui. –
Merlon chamou as crianças para debaixo de sua capa.
A brisa continuava a
soprar, e Nogard e Arwen conseguiram espiar por uma fresta na capa de Merlon, e
aquilo que eles viram foi assustador. Cinco criaturas horriveis se aproximavam
deles, uma sexta estava montada em uma criatura animalesca, um Warg. Eles
possuiam a pele negra como a noite e eram repletos de cicatrizes e marcas de
batalha, usavam armaduras velhas, remendadas e enferrujadas, possuiam longos
cabelos negros e eram altos, tão altos quanto Merlon, tinham as botas imundas e
cobertas de barro, todos estavam armados, com espadas negras e arcos de osso,
seus dentes eram pontas afiadas, salivando, por sangue e carne. O maior deles
possuía um elmo rachado que parecia ser de algum guerreiro dos Postos de
Sentinela, e seu sorrizo ao ver Merlon foi asqueroso.
- Um verme em uma
toca rapazes. – disse o maior deles.
Os outros cinco
cercaram o acampamento, Merlon e as crianças não moviam um músculo sequer.
Então Merlon falou.
- Vá embora
escuridão, aqui não é o seu lugar. – todos os Bulks riram ao mesmo tempo. O
warg não parava de farejar o chão e rosnar como um lobo enraivecido.
Arwen tremia como um
filhote recém nascido, toda a coragem a abandonou, não posso deixar que eles
machuquem Arwen, pensou Nogard, que continuava a prestar atenção à conversa que
acontecia fora da capa de Merlon.
- Acho que aqui não
é o seu lugar velho. – nesse momento mais criaturas se aproximaram, Bulks e
Wargs, Nogard não conseguiu conta-los com precisão mas eram mais de doze.
Dois grupos de Bulks
que se encontravam ali, naquele Castanheiro, para repartirem os saques e os
espólios da arruaça que promoviam à noite.
Então o Warg
finalmente farejou o que estava procurando, as crianças. A criatura jogou a
cabeça para trás e uivou, o seu cavaleiro logo percebeu do que se tratava.
- Crianças? Que
saboroso, teremos um jantar de um Rei esta noite rapazes. – os Bulks riam e
rosnavam, batiam suas espadas no chão, alguns arranhavam a árvore com unhas
negras como garras.
Arwen saiu debaixo
da capa de Merlon o suficiente para que os Bulks vissem que era uma garota.
Então Nogard saltou para fora da capa de Merlon, para desespero do velho, pegou
um galho próximo e segurou-o com as duas mãos.
- Vão embora, se
forem embora não vamos lhes fazer mal. – disse Nogard com seu galho em punho.
- Calado, não fale
com as sombras. – repreendeu Merlon.
- Mas nós podem...
- Quieto! –
repreendeu Merlon mais uma vez.
Então os Bulks
reconheceram Nogard, o seu capitão, aquele que estava com o elmo rachado, arregalou
os olhos, todos os Bulks se entreolharam, então o seu capitão fez uma careta e
mostrou os dentes, rosnando como um animal, desembainhou sua lamina negra e
todos os outros empunharam suas espadas.
Merlon teve tempo
apenas de tocar o cabo de sua espada, escondida no embrulho, antes de ouvir o
Bulk dizer.
- Matem o velho e a
menina, peguem o pirralho.
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