terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Hackers de olho nas contas dos deputados estaduais

Eles vêm tirando o sono dos deputados estaduais. Já receberam algumas ameaças, mas parecem não dar a mínima para as reclamações das autoridades. Os hackers Gustavo Noronha, de 30 anos, e Marcelo Vieira, de 32, querem mesmo é que todo mundo saiba como os parlamentares estão gastando os 20.000 reais mensais da verba indenizatória que serve para custear despesas de transporte, hospedagem e alimentação, entre outros itens – um dinheiro público sobre o qual devem prestar contas.

A dupla criou, há quatro anos, o www.olhoneles.org, um site onde qualquer cidadão pode acompanhar os gastos de forma bem simples, o que não costuma ocorrer nos portais oficiais de transparência. A ideia foi deNoronha, em 2010, quando quis avaliar o comportamento dos candidatos à reeleição antes de decidir seu voto. No portal da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, ele encontrou muitos números e poucas conclusões.
“Os dados são individualizados e separados por mês, o que não permite ter uma visão geral do mandato ou fazer comparações”, afirma o programador de computadores. Sem se dar por vencido, ele convidou o amigoVieira, também programador, para juntos criarem o que chama de “robozinho”, um aplicativo que entra no portal da assembleia e coleta os dados da execução orçamentária, que a casa é obrigada a divulgar on-line por força de uma lei federal. “O que fazemos é apresentar as mesmas informações em outros formatos, como por meio de tabelas e gráficos”, explica Noronha. Ele faz questão de frisar que não existe nenhum trabalho de análise em seu site. Mas, diante da “tradução” dos dados, fica fácil para qualquer eleitor tirar as próprias conclusões, como quem são os líderes no ranking da gastança. No site, é possível ver as despesas por parlamentar, partido, fornecedor ou tipo de gasto.
Noronha Vieira, que são funcionários de empresas privadas de tecnologia e costumam prestar serviços também de consultoria, usam as horas vagas para atualizar o site, que recebe hoje uma média de 200 visitantes por dia – número que, em ano eleitoral, tende a aumen­tar. Depois da experiência com a assembleia mineira, eles ampliaram o serviço e atualmente coletam também informações das câmaras municipais de Belo Horizonte e São Paulo, além de dados do Senado. Os dois já receberam até proposta de patrocínio, mas recusaram. “Não temos fins lucrativos”, diz Vieira. Muitos amigos apoiam o exercício de cidadania da dupla, mas há quem considere o trabalho uma perda de tempo um tanto perigosa. As ameaças – principalmente de processos contra eles – são frequentes, embora não exista nada no site que não seja público.
De vez em quando, os hackers deparam com casos suspeitos. Certa vez, pediram esclarecimentos a um parlamentar sobre pagamentos feitos a uma empresa cujo registro no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica(CNPJ) tinha o mesmo algarismo, o 5, repetido em seus catorze dígitos. Esperavam que a identifica­ção da “empresa cinco” fosse retificada. Mas o lançamento simplesmente desapareceu do sistema. “Há outras esquisitices, como notas seriadas e valor mensal fixo de combustível”, exemplifica Noronha. “Ainda vamos cruzar muitos dados”, promete Vieira. De fato, é um serviço público importante.

O ideal é este projeto atingir um nível nacional. Seria muito bom! O acesso à informação hoje está fácil e, com pessoas empenhadas, tudo fica ainda melhor.
Só acho estranho o pessoal da política querer processar os dois. Os dados que eles tratam e exibem são públicos. Ou seja, mais sujeira por aí! Afinal, qual o motivo da informação pública ser exibida de forma tão confusa se não for para que a maioria não entenda, certo? 


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