quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Quero Ser Escritor - Por que quero ser escritor?

Esta é uma pergunta que faço todos os dias. Não há glamour na vida do escritor, nem daquele famoso escritor de “best sellers” fantásticos, se a vida do escritor é muito cheia de compromissos sociais, acredite, alguém está escrevendo por ele. Há sim, muito trabalho e muito estudo, pesquisa, concentração e solidão. Por que então, em sã consciência, um ser humano normal, grupal e carente de aceitação, como todos nós somos, resolve ser escritor?

Algumas ideias sobre como responder a esta questão me passaram pela cabeça:
1 – Uma única vida não é suficiente, precisamos viver como um deus, um herói, uma princesa:
“Zeus, o senhor do Olimpo, estava em seu trono discutindo ferrenhamente com sua esposa Hera, deusa da família e do casamento, pois ele acabara de retornar de uma cidade mortal, onde havia se transformado num jovem guerreiro, cortejado uma nobre princesa e dormido com ela.
- Eu irei amaldiçoar qualquer criança ou criatura que aquela humana parir! - Gritou a deusa, apontando em direção à base do Olimpo.
- Minha querida, - respondeu Zeus, em um tom apaziguador - não há perigo de isso ocorrer, pude sentir sua energia vital e ela não estava fértil naquele dia.” 
2 – Viver a outra vida e seus dramas não é suficiente, queremos viver o que está dentro dos nossos sonhos:
“Falavam-se em lamentos rimados, sons angelicais de outro mundo. O Capitão, comovido pelas vozes de violino pensava em parar. Pensava em largar tudo, ignorar a diretriz cento e doze e zarpar para o leste. O tapete apaixonado, ria e chorava, contando uma história sobre homens e mulheres livres. Nela, um agricultor de pés vermelhos pedia a um gênio pelo poder de plantar uma safra que crescesse até dois metros de altura, e que as pragas não pudesse devorar”
3 – Ou ainda outra vida em outra realidade:
“Depois dos lobisomens de Luna, não surgiu mais nenhum caso. Bem, esse nem mesmo era um caso oficial. A polícia chegou no local, me deram uns tapinhas nas costas, mas não me deram nem um centavo.
Já é a milésima vez que minha pró-atividade me ferra. Mas eu queria ação, então eu tive naquela noite.
Decidi andar pelas ruas para procurar o que fazer, pelo menos até chegar no bar mais próximo da estação, a taverna chamada Olho de Drakon.
Nomes de taverna não são muito criativos em todos os mundos. Não importava, em toda dimensão havia algum lugar para beber e matar o tempo.” 
4 – Mesmo que esta outra realidade seja a morte:
“Cambaleante e manco de uma perna, pôs-se a correr como se não houvesse um amanhã, o que era uma verdade. Viu seus amigos cercando o enorme e gordo pedaço de bacon que sem muita dificuldade foi jogado ao chão. Esbarrou em uma dúzia de distintas damas e cavalheiros até chegar em seu prêmio. Debruçou-se sobre a enorme peça de bacon que, para seu espanto, não parava de se debater e berrar.
Não estava com fome, mas quando o cheiro maravilhoso adentrou suas cavidades nasais, atacou com a ferocidade de um animal selvagem. O que mais lhe intrigava, era a educação de seus novos amigos, que em momento algum reclamaram quando ele tropeçou em alguns deles e praticamente os jogou para os lados ao se debruçar sobre o banquete.”  
Imortalidade, pode ser a resposta. Mas não a imortalidade dos tolos, que querem deixar-se para a posteridade sem saber no que está posteridade será transformada, ou dos super-heróis que nunca saberão das dores humanas, pois estão acima delas. Somos crianças numa linha, velhos na outra e passamos por tantas existências que se somadas em tempo não haverá espaço para comportá-las.
Sentados na frente de nossa folha em branco somos infinitos, imortais, etéreos e nós mesmos.




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