sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Nove Dragões - A Lenda de Nogard

Capítulo 24 – Sobre Dragões e Banedúim


   Finalmente eles podiam contemplar Pontas de Lança, a cidade mais Jeh’khgari de toda Andor. Ficava na encosta final da montanha que fechava a Passagem, como se estivesse escorada na encosta da montanha. Suas madeiras eram de um vermelho vivo, e suas telhas eram negras, manchadas de branco pelo gelo e pela neve. A cidade possuía vários níveis encosta acima, e todos pareciam idênticos. Uma coisa chamou a atenção de Nogard, a estrutura do telhado das casas. Eram enormes telhados triangulares, com uma leve curvatura nas extremidades, e todos possuíam uma lança dourada sobre a ponta mais alta do triangulo. A cidade não possuía altas muralhas de pedra, o que havia ali era uma muralha simples de madeira e gelo, com um arco elevado, não havia portão, e sobre o arco mais uma vez Nogard pode ver a estrutura triangular do telhado.
  - Olhe Nog! – disse Arwen, aquecida por sua grossa capa de coelhos, e apontou para a montanha.
  Não só Nogard mas todos olharam para onde a garota apontou, os Fantasmas ainda assombravam os pensamentos dos homens, mas não era nenhum Fantasma quem estava ali, era um enorme leão. Com suas patas e garras, estava deitado entre duas altas rochas da montanha, trazia uma frondosa juba e uma longa cauda, e tinha a pelagem extremamente branca.
  - Um Leão-da-neve. – disse Jih’ndo – Faz muito tempo desde que vi um, dizem que eles aparecem em tempos de mudanças drásticas.
  Arwen olhava o leão com admiração, ele parecia tão imponente sobre sua rocha, nada poderia tocá-lo, serei como você, caro leão, imponente e corajosa, pensou a garota.
  Então, saídos de uma caverna na montanha, logo atrás da imensa rocha, surgiram dois filhotes, eram lindos de se ver e Arwen teve vontade de pegar um para si, mas o altivo Leão-da-neve os olhava com olhos atentos. Ele se deitava sobre a pedra calmamente, sem demonstrar sinal de ameaça, mas seus olhos não vacilavam.
  - Mudanças – disse Guillar, balançando sobre a sela do cavalo, mesmo estando o cavalo completamente parado -, é bom mudar.
  Jih’ndo o olhou de soslaio, com um sorriso no rosto, o que é que você guarda para si meu caro Guillar? Pensou o rico Jeh’khgari.
  - Vamos crianças, preciso esquentar meus ossos, e daria muito ouro por um bom banho. – disse Jih’ndo.
  Eles passaram pelo arco e adentraram a cidade, não havia ruas como em Pescoço dos Homens, nem lojas, nem cores. Após o arco havia um enorme pátio de gelo, ao ar livre, onde treinavam muitos Ponta Lancenses. Eles passaram sem atrapalhar, nenhum olhar foi lançado em direção a eles, os homens estavam completamente focados em seu treinamento, e treinavam com armas de verdade, algo que Nogard achou imensamente perigoso. Ninguém os recebeu nos portões, não ouve abraços ou apresentações. Apenas continuaram a subir a encosta da montanha.
  Não havia ruas ali, apenas rampas e escadas, Nogard achou a cidade um tanto pequena.
  - Jih’ndo quantos homens Pontas de Lanças tem?
  - Dois mil.
  Arwen não pode conter um comentário.
  - O que? Dois mil homens apenas? Essa é a mais feroz cidade de Andor? Angur acabaria com eles antes do desjejum.
  - Não se precipite jovem. – disse Guillar, o Bardo Bêbado.
  - Guillar tem razão Arwen – disse Jih’ndo -, você se precipita demais às vezes, isso pode trazer problemas para você a qualquer momento, não digo por mau apenas quero ajudá-la.
  Arwen não gostava de ser repreendida, então ficou emburrada.
  - O fato é que – continuou Jih’ndo -, esses homens tem um valor em batalha mil vezes maior que qualquer outro, três vezes o número de Angur não conseguiriam acabar com mil deles em uma batalha, eles são Nascidos da Batalha, esses homens não conhecem o medo ou a dor, eles apenas nascem, treinam, lutam e morrem. É assim que se faz um guerreiro em Jeh’khgar.
  - Faz? – perguntou Arwen – Eles não são objetos para serem feitos.
  Jih’ndo sorriu.
  - Concordo com você, corajosa Arwen, mas é assim que sempre foi.
  Continuaram a subir a encosta, passaram por um local onde alguns jovens estavam de pé, apenas vestindo tecidos brancos na parte de baixo, com o peito nu, eles tocavam a encosta de gelo com as mãos e pareciam estar morrendo de frio. Nogard virou para Jih’ndo mas achou melhor não perguntar, começava a entender quão duro seria seu treinamento.
  Por fim chegaram em um outro largo pátio, esse por sua vez era cercado de casas, com a mesma estrutura de todas as outras, madeiras avermelhadas e telhados negros manchados de branco pela neve.
  - Alto! – disse Grum, e virou-se para todos – A partir desse momento vocês são convidados em Pontas de Lanças, farão aquilo que forem ordenados a fazer e sem questionamentos, terão comida e bebida em abundância, mas qualquer sinal de fraqueza não será tolerado. – virou seu cavalo repleto de lanças para Nogard – Seja bem vindo, moleque, agora conhecerá o treinamento Jeh’khgari. – deu as costas e continuou subindo a encosta com seus guerreiros. Havia muitas outras construções logo acima.
  Jih’ndo mostrou os aposentos de todos e explicou as horas das refeições e dos banhos, Nogard ficou em um pequeno quarto, pequeno demais ele achou, e Arwen em um longo quarto, onde outras garotas ficavam.
  A noite chegou rapidamente, um dos homens de Jih’ndo chegou ao quarto de Nogard e bateu educadamente à porta. Nogard atendeu e pegou seu jantar, agradeceu e se despediu do homem. O garoto deixou o jantar em uma escrivaninha ao lado da cama, e viu um enorme tecido na parede, decidiu remover e descobriu um grande espelho na parede. Depois de um curto tempo sem se ver Nogard não se reconheceu, parecia ter envelhecido muito, estava alto e belo, seus músculos estavam crescendo, mesmo sem treinamento, seu cabelo negro estava muito longo, de uma maneira que sua mãe jamais permitiria ficar, ela sempre cortava o cabelo do garoto, uau, como estou alto, já devo ter deixado Arwen para trás a muito tempo, ela não deve estar gostando de ser a menor, pensou o garoto, que conhecia a amiga como ninguém.
  - Ah, você está ai, muito parecidas essas casas Jeh’khgari. – disse Guillar, que chegou e foi entrando sem bater, muito diferente do homem de Jih’ndo. Mas Nogard gostava bastante do velho bardo para dizer algo, então apenas sorriu e o convidou a se sentar.
  O Bardo se sentou na cadeira da escrivaninha, olhou o espelho e voltou a olhar para Nogard.
  - Sei que está sendo um mês difícil para você Nogard, e sei também que não gosto de lições, mas cada um tem seu papel nessa jornada, e agora é hora de uma lição.
  Nogard estranhou a maneira como Guillar falava, parecia sério novamente, e um pouco triste, como quando contou sobre Erodillis.
  - Guillar, você era o amado de Erodillis? – perguntou Nogard, que era muito menos astuto com as palavras do que Arwen.
  O Bardo olhou o garoto, retirou sua gaita de prata da manga da camisa.
  - Não filho, não sou eu, e nem poderia ser, meu amor não se pode perder. Sou apaixonado por duas coisas Nogard, pela música e pelo vinho, mas com muito pesar devo admitir que sem vinho viveria alguns anos, já sem a música não posso ficar um instante sequer. Mas não é essa a lição que fui incumbido de lhe falar hoje, está preparado?
  Nogard estava faminto mas achou melhor não comer agora, deixou o jantar de lado e se sentou confortavelmente na cama.
  Guillar levou a gaita até os lábios e algo mágico aconteceu. As sombras começaram a se mover e as velas se agitaram, imagens começaram a se formar nas paredes do quarto. Nogard olhou para Guillar com assombro, mas o bardo tocava de olhos fechados. Ora tocava ora cantava, tranquilamente, então Nogard não teve medo e prestou atenção aos sons e às imagens.


Quando o eclipse vier, fuja
Pois quando sua sombra vaguear os telhados,
O ceifeiro será seu amigo derradeiro. Dárárá

Quando o breu engolir o luar, fuja
Pois quando sua luz devorar a escuridão,
O ardor lhe dará seu ultimo abraço. Dárárá

Quando o silêncio fugir, vá com ele
Pois quando ouvires o bater de suas asas,
É o anúncio de que a morte está alada. Dárárá

Pequenos e grandes, mulheres e crianças, o mais velho e o mais novo Benedúim perecem,
Com todo o resto tocado pela fúria, dos segredos que Adarom soprou-lhes ao ouvido. Dárárá Dá Dárárá

Quando descalçares a esperança, resista,
Pois quando o conhecimento oculto alcançar os oprimidos,
Tornar-se-ão opressores. Dárárá

Quando o temor rodeá-lo, resista
Pois quando a assolação reinar soberana,
Bravos surgirão ao seu encalço. Dárárá

Quando a fé cortejá-lo, despose-a,
Pois quando a magia escoltá-los,
Mestres serão escudo e espada. Dárárá

Pequenos e grandes, mulheres e crianças, o mais velho e o mais novo Benedúim regozijam-se,
Com todo o resto tocado pela fúria, dos segredos que Maégis desvendaram. Dárárá Dá Dárárá


Nogard ficou impressionado com o que viu e ouviu durante a música.
  - Os Banedúim lutavam contra os Dragões? – perguntou o garoto.
  Guillar sorriu.
  - Sim Nogard, durante anos eles enfrentaram os Dragões. Os Dragões eram criaturas ferozes e incontroláveis.
  - Eles eram maldosos?
  - Não, não, não é nada disso. Na verdade existia uma força que os assombrava, um espírito, uma Sombra, que sussurrava em seus ouvidos. E esse eram sussurros de mentiras e de maldade, infelizmente eles deram ouvidos à esses sussurros, e foram corrompidos.
  Guillar explicou.
  - Então os Banedúim usaram uma magia especial e particular. – continuou Guillar – Havia um Banedúim chamado Belindor, Belindor era um Maégi extraordinário, e também tinha visões, do passado e do futuro. Belindor, vendo a angustia dos Banedúim, decidiu por um fim a isso. Então ele trabalhou em segredo, por incontáveis dias e incontáveis noites, criando e desfazendo, martelando, cortando, misturando, até que ele conseguiu. Ele criou uma magia muito poderosa, que teria o poder de aprisionar os Dragões e essa Sombra que sussurrava em seus ouvidos. E assim ele fez. Aprisionou os Dragões na Ilha de Fogo, e a essa Sombra no Sul, em um lugar que não ouso pronunciar o nome. Mas a magia o consumiu e sua vida foi retirada, ele empregou todo o seu ser e toda a sua vontade de fazer o bem nela. Os Banedúim se viram em paz, mas perderam um grande amigo.
  - Nossa, os Dragões presos. – imaginou Nogard - Mas como os Dragões se libertaram?
  - Os Banedúim viveram em paz por muitos anos. Então chegaram os Jeh’khgari. O Mar da Névoa se dissipou ao Norte e eles vieram através do mar, em suas enormes embarcações. Vinham cada vez mais e mais, parecia que não tinham fim, e eles lutaram pela terra dos Banedúim. No entanto não conseguiam derrotar os altos homens e seus machados, tampouco podiam lidar com a magia Banedúim. Então Tartos nos traiu.
  Nesse momento Guillar exitou, sabia que havia cometido um erro.
  - Nos? – perguntou Nogard, que já sabia a resposta, mas gostaria de ouvir dos lábios de Guillar.
  O bardo sorriu e bebeu longamente de seu cantil.
  - Sim Nogard, esta certo, eu sou um Banedúim, e vi muitos amigos e familiares sucumbirem perante a traição de Tartos. Ele revelou aos Jeh’khgari que a magia de Belindor estava na montanha, que leva hoje o seu nome. Os Jeh’khgari conseguiram entrar nas entranhas da montanha e descobriram ali a criação de Belindor. O Silêncio-dos-céus, o cajado que Belindor enfeitiçou com toda a sua magia. Então os Jeh’khgari, liderados por Dorean, libertaram os Dragões, e os controlaram através do cajado. Silêncio-dos-céus era a mais poderosa arma de todos os tempos, e estava nas mãos de conquistadores, que só pensavam em dominar, conquistar e tomar.
  Não lhe de ouvidosss, Nogard ouviu uma voz em sua cabeça, ele é um mentirossso, mas o garoto não sabia de onde vinha a voz ou quem estava falando, achou melhor não contar para Guillar.
  - Então os Jeh’khgari conseguiram aquilo que planejavam. – continuou Guillar – Eles conquistaram Andor, e acabaram com o meu povo. Mas ao libertarem os Dragões eles também libertaram um mal que não conheciam, a Sombra do Sul. Esse mal saiu de seu aprisionamento, e estava furioso e amargurado. Os Jeh’khgari então começaram a construir as Nove Cidades com a ajuda dos Dragões. Dorean viu o poder das feras e teve medo deles, então ele utilizou o cajado uma última vez e aprisionou as feras novamente, mas dessa vez de uma forma diferente. Aprisionou cada um deles em uma cidade, e eles foram condenados a protege-las com suas vidas se necessário. Então Dorean começou a pagar por seu erro, o espírito começou a sussurrar em seus ouvidos e ele o ouviu. Depois disso Dorean quebrou o cajado, afim de que jamais alguém pudesse usar os Dragões contra os Jeh’khgari, aparentemente ele se enganou, pois os Dragões fugiram de suas cidades, na Última Grande Guerra.
  - Porque eles fugiram?
  Guillar exitou um pouco, pensou em dizer o motivo mas tal lição não lhe cabia, o garoto saberia, no momento certo.
  - Infelizmente minha lição ainda não acabou. – disse Guillar, se evadindo da pergunta do garoto – Enfim existem nove Dragões, e cada um possui um poder secreto.
  - Que poderes? – perguntou Nogard, que estava fascinado com toda aquela história sendo contada por um Banedúim em pessoa.
  - Existem essas feras e eles são irmãos, são eles, Lutheraxes, o Dragão Negro, antigo guardião de Angur. Guerdhenrax, o Dragão Verde, protetor de Bolkur. Ignefhoxus, o Dragão Vermelho, protetor de Chifre do Dragão.
  O garoto estava achando cada um daqueles nomes muito estranhos e difíceis de pronunciar.
  - Upalaphisux – continuou Guillar -, o Dragão Velho, o mais antigo entre os da sua espécie, antigo protetor da cidade onde estamos agora, Pontas de Lança. Undaqvax, o Dragão Azul, a única fêmea do grupo, da cidade de Nona Ilha. Glaxiheluxes, o Dragão Branco de Elmo de Gelo. Austeradiusfhulgurox, o Dragão Dourado da cidade de Porto Vitória.
  Nogard não ousava interromper Guillar, mas não poderia memorizar aqueles nomes nunca, eram muito complexos e muito grandes, além é claro de difícil pronuncia.
  Mas o bardo continuou.
  - Dentre esses existem dois em especial Nogard, que poderão mudar o destino de todos. O primeiro deles é Finehmorxes, e é conhecido como o Dragão Baio, era protetor de Força dos Homens. Muitos mistérios o cercam, mas uma coisa é de conhecimento de muitos, ele é a morte. Este Dragão traz a morte acima de tudo, de todos aqueles que ele desejar ver mortos.
  Agora o garoto ficava assustado.
  - Mas todos os Dragões podem matar pessoas. – disse o garoto
  - Mas apenas esse pode matar a tudo, não apenas pessoas ou animais, como também as plantas e os rios, as árvores e a terra, e tudo com um simples olhar. – explicou Guillar – O segundo deles e exatamente o oposto de seu irmão, ele se chama Marultichrux, o Dragão Prateado de Pescoço dos Homens. Se diz que seu poder é nada mais nada menos que a vida. Que ele pode dar vida a plantas mortas, a animais mortos e até mesmo a pessoas que já se foram. Infelizmente ele não obedece ninguém, assim como os outros Dragões, e jamais usou seu poder para trazer um humano de volta.
  Um Dragão da vida, e prateado, ele deve ser belo e enorme, pensou o garoto.
  - Se eles se enfrentassem quem ganharia, a vida ou a morte? - Perguntou Nogard.
  Guillar sorriu da pergunta bem elaborada do garoto.
  - Nenhum, Nogard. Os Dragões não se atacam, nunca se atacaram e ninguém sabe o motivo, eles apenas não se ferem. Alguns acham que é por que são irmão, outros que é por medo da destruição que causariam, mas o fato é que eles nunca se atacam.
  - Guillar tenho muitas perguntas, sobre os Dragões e seus poderes, as cidades, os Banedúim e Jaoh’ndar.
  Guillar não gostava de falar de Jaoh’ndar, para ele o Jeh’khgari se arrependeu tardiamente.
  - Bom, isso terá que ficar para outro dia, a lição terminou. - e se virou e viu o jantar de Nogard. – Ora mas que maravilha, estava faminto, como adivinhou? – disse Guillar sorrindo debilmente, e começou a comer o jantar de Nogard.
  O garoto estava perdido em pensamentos, entendia agora que muito havia acontecido na história de Andor, mais até do que poderia ter imaginado. As imagens da canção de Guillar não estavam mais nas paredes mas o garoto ainda as via, em sua cabeça. Pessoas vivendo em paz, belas mulheres colhendo morangos nas florestas, e então os Jeh’khgari chegando e com eles vieram os Dragões. Muitas pessoas correndo e morrendo nas chamas das feras. Começava a imaginar que os Jeh’khgari atacaram um povo que vivia em paz e harmonia. Exatamente como estava escrito no diário de Jaoh’ndar.
  A porta se abriu de uma vez. Nogard deu um pulo na cama. Guillar se engasgou com um osso de frango.
  Um homem enorme com uma cicatriz no lábio entrou no quarto.
  - Ah, ai está você, Grum me disse para começarmos imediatamente, venha garoto vamos para o pátio.
  Nogard estava cansado e, graças a Guillar, ainda estava faminto.
  - Esper...
  - Sem mais delongas garoto, Rikkar Cruzanorte, não espera.
  Rikkar era conhecido como Cruzanorte pois tinha sido o único homem a chegar a Pontas de Lanças através de Elmo de Gelo. Pelas montanhas do Norte.
  - Bem, estou indo – disse Guillar -, bom treino com o irmão de Bemirom. – e saiu.
  Nogard ficou espantado com aquele comentário.
  - Rikkar você é irmão de Bemiron? De Bemirom de Ferro Forte? O Grão Arqueiro?
  Cruzanorte o olhou de cima à baixo.
  - Sou o melhor guerreiro do Reino, Bemirom sempre tentou me superar mas eu sou bom demais para qualquer um, mas que incrível, às vezes me espanto como sou bom guerreiro. – disse Rikkar se vangloriando - Contudo sou irmão dele sim, o conheceu?
  - Eu sou o filho dele. – disse Nogard, esperando um abraço de seu tio.
  Mas o que ele recebeu foi algo que jamais esperou.
  - Filho? – disse Rikkar – Desculpe garoto, mas Bemirom não tinha filhos, ele não tinha esposa, sua vida eram as flechas e o treinamento, você não pode ser filho dele. Agora vamos, e traga sua espada. – falou Cruzanorte, e saiu do quarto deixando a porta aberta.

  O ar frio da noite de Pontas de Lanças enchia o quarto. Nogard estava desconsolado e triste. Não tinha mais nada, nem ao menos um sobrenome, estava longe de sua mãe, e Arwen dormia em algum lugar da cidade, o qual ele não sabia onde. Sentia frio e fome, não sabia em que parte da cidade estava Arkas, muito menos onde estaria Merlon, e agora descobrira que não tinha nem ao menos um pai. O pai que não conheceu e de quem tinha orgulho de ser filho.



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